sábado, julho 09, 2005

A Queda do Boêmio - parte 2

E a noite na cidade continuava exercendo seu facínio, em seu quarto de pensão o cheiro predominante era de maconha, sexo e cerveja. No trabalho sua imagem era intocável, ambicioso, agressivo bom administrador, à noite, aguentava o tranco, usava tudo que tinha direito e ainda voltava pra casa dirigindo. Foi subindo a Augusta, e ele não estava a 130, que conheceu um de seus grandes amores.
Camila era prostituta na Lovestory, linda, gostosa, pele macia e fazia um boquete maravilhoso. Ficou amigo dela numa farra que fizeram, conversaram um pouco, beberam e transaram muito. Morou com ela por seis meses, mas a espera por ela o angustiava, com sua seringa fitava a noite paulistana enquanto sua princesa estava ausente de seu castelo, pensava nas caras e bocas que ela teria que fazer, no vai e vem dos corpos, na dança sedutora em cima do palco, não aguentou, numa segunda feira qualquer deixou uns trocados no criado mudo e foi embora, já estava de saco cheio.
Aos 27 muitos que levavam o seu estilo de vida já estavam mortos, um ano depois nasceu seu filho mais velho, fruto de uma gravidez indesejada que foi bem recebida. Sua mãe torcia para que criasse juízo, mas parecia que para isso Deus não estava muito disposto a ouvir suas preces. Três anos após o primeiro filho, nasce a caçula, talvez o verdadeiro e grande amor da sua vida, mas a vida de casado e a responsabilidade de um pai de família não combinavam com ele. Todos diziam que morreria jovem e belo, as noitadas continuavam, dizia que nunca ficaraia velho e careca, que virar mutuário da casa própria, pagar o colégio das crianças e muitas outras coisas não eram pra ele.
A cidade o chamava para seus becos mais escuros, em botecos imundos dava seus tiros, tomava todas, comia alguma vagabunda no carro. Precisava de mais grana, não aguentava mais a pressão de ter um chefe, queria ser ele o patrão. E foi. Abriu uma fábrica de artigos em couro, ralou, e o negócio de fundo de garagem virou uma bela loja. Divorciado, morando com seus pais e as duas crianças, droga da boa sempre, gasolina no tanque, aos 37 poderia se dizer que a vida era boa.
Mas depois da calmaria vem sempre a tempestade. O plano Collor e o cancelamento de um grande contrato destruíram seus sonhos. Falência, máquinas vendidas, portas fechadas, chorara no colo de sua mãe como há tempos não fazia. Naquela noite saiu, precisava da brisa noturna, fez uma farra, uma grande farra. Mulheres, bebida e pó.
Seis meses depois dessa festa, Barata um de seus melhores amigos morreu em consequência do vírus HIV, o mundo desabou.
A espera no corredor gelado do Emílio Ribas foi tensa, o resultado, desesperador. Positivo, agora carregava uma bomba relógio em seu próprio sangue, morreria jovem, era sua certeza, mas não belo como gostaria. As farras continuavam, começou e parou o tratamento inúmeras vezes e outras sem conta ficou internado, achando que a hora chegara.
Abriu um novo negócio, sua ambição o mantinha e mantém agarrado a cada centelha de vida, trabalho, tudo se resumia a isso. E cigarros também, largou os piores vícios, mas era o "careta" que o empurrou de vez para o buraco, dois edemas pulmonares, fôlego zero, toda vez que sai à noite fica debilitado demais no dia seguinte, impotente e impedido de cair na gandaia sua vida se resume a pagar a prestação do automóvel, bancar os estudos do mais velho e praguejar sobre a vida quando olha no espelho e vê os cabelos longos já grisalhos, pelo menos não ficou careca.

sábado, julho 02, 2005

Crônicas em Concreto e Vidro - A Queda do Boêmio - parte 1

Contar histórias é um bom hobby e uma cidade tão grande quanto essa selva de pedra é um vasto celeiro para elas. O importante é saber dosar a quantidade de verdades e mentiras contidas nelas, afinal, apesar de reais, nem toda história é interessante. Você pode pegar suas próprias histórias de família, contá-las num tom impessoal, e pronto, segredos podem ser revelados sem nenhuma represália. Afinal, os trens lotados, os ônibus e as antenas de celular sabem de muitas coisas. Enquanto o vírus cidade não lança seus esporos pelo universo, eu continuo dando meus tragos, contando uma história aqui, ouvindo outras, participando de algumas. Sem contar que enquanto fico sentado em alguma esquina imunda posso adimirar as pernas das moças que passam e compram minhas tralhas de vez em quando.
Nas cidades existem diversos tipos de seres, quando digo tipo estou estereotipando mesmo, existem os operários, as amélias, aproveitadores, vagabundos... e gente que consegue mesclar esses arquétipos de personalidade. A maioria gosta de casos sobre os vagabundos, seres quixotescos tem nas luzes da cidade o seu sol noturno, bêbados e saltinbancos, românticos e na maioria das vezes estúpidos. Dessa vez vou falar sobre um guerreiro, não, não falo de Hércules ou Odisseu, nessa lenda o herói cumpre sua jornada mas o descanso e as honras da vitória nunca chegarão para ele.

...

A saga começa na cidade de Cubatão entre as décadas de 60 e 70, aos 8 anos engraxava sapatos, ajudava sua mãe a fazer a feira, comprava doces. Ele mesmo havia feito a sua caixa de engraxate, menor do que a média de garotos da sua idade, aparentava 6 anos mesmo já tendo completado 10. Inteligente, ambicioso, mimado. Era a grande esperança da família, todos o adoravam. Aos 12 fez um tratamento para crescer e começou a trabalhar como balconista na farmácia daquela vila fabril.
O salário não era dos melhores, mas Ricardo era tão carismático que o farmacêutico o tinha em grande cota. Queria ser médico. Mas nunca pôde, seu pai tinha espírito cigano e repetidas vezes a família mudava de cidade. Limeira, Santos, São Paulo, Cubatão tantas que eu perdi a conta e na boléia do caminhão de mudanças o menino cresceu. Um belo rapaz diriam as moças da época, magro, alto, cabelos negros e compridos, olhos verdes que faiscavam com a sua ambição e mal-humor, seu amigos o chamavam de Tia, porque realmente era uma tia velha quando suas chatisses vinham à tona.
O ar leve da noite era o seu éter, numa década de revoluções e mudanças suas viagens de ácido eram embaladas ao som de Riders on the Storm, nas curvas da estrada de Santos ou na estrada velha de Campinas seu trovão de aço voava baixo a quase 150km/h. Muitos pegas, música, bebida, amigos e mulheres. Sua mãe não dormia enquanto ele não voltasse pra casa, o estado em que chegava deixava o coração da pobre mulher apertado, tanta dedicação, tanto amor, tudo isso para à noite ver a pessoa que mais amava com os olhos arregalados, vidrados em algo que não podia entender.


continua...

quinta-feira, junho 23, 2005

uma menina parte 2

Ela não lembra ao certo como isso tudo começou, estava chapada demais. O cliente da noite era um sujeitinho insuportável, pelo que ouvira dizer, era um dos chefões do contrabando, sujeito com as costas quentes e montado no dinheiro. Baixinho, tinha mal hálito, mas cliente é cliente, nada que um tiro antes e um depois não resolvesse, tudo pela boa vida dos pais e por mais um bocado de pó do bom. Arrependeu-se amargamente de ter entrado naquele carro pela primeira vez, o desgraçado gostava de bater, arfava feito um animal, seu membro era flácido e ele descontava essa frustração provocando dor. Maria chorou amargamente, como não chorava há algum tempo, mas teve que suportar, essa e outras tantas que perdeu as contas, tudo porque o cão sarnento a adorava e muitas vezes pagava por exclusividade.
Numa quinta à noite, chovia em Sampa. Os sem-teto corriam em busca de abrigo, o metrô estava operando em velocidade reduzida e maior tempo de parada, as marginais pareciam veias entupidas de um coração prestes a ter um enfarte e ela corria chorando desesperada pelas ruas dos Jardins, e bem, pra variar, ninguém se importava. Também quem ligaria?! Com um temporal desses até mesmo uma deusa passa desapercebida. Não queria pensar no assunto, lembrou da violência com a qual tinha sido tratada, da vela começando a queimar seus cabelos, do hálito de bode, no chute que deu em suas bolas, no rato se contorcendo de dor e da vontade desesperada de sumir dessa cidade maldita.
Mandou um pra mente pra ver se melhorava, não adiantou. Virou uma garrafa de scoth e mesmo assim continuava o desespero, os prédios ao redor do seu a olhavam ameaçadoramente, cada janela um segredo sujo, algo pior que os seus, mas mesmo assim elas ousavam acusá-la. Desceu as escadarias desvairadamente, vestindo apenas a lingerie que escolhera para ir ao trabalho, ninguém notou. Seu choro se confundia com a chuva, chegou até uma passarela que passava sob a Av. Rebouças e pulou.
Ganhou uma nota em um rodapé na página de cidades do O Estado de São Paulo, seus pais ficaram estarrecidos, eram incapazes de imaginar o porquê dessa insanidade. Sua irmã mais nova se formou em medicina veterinária, é casada, tem dois filhos e a filha mais velha se chama Maria Paula, ainda não é tão linda quanto a finada tia... mas um dia... quem sabe...

sexta-feira, junho 17, 2005

Crônicas em Concreto e Vidro - Parte 1 - Uma Menina

As cidades infectaram o planeta como um vírus, e não vão descançar até que o organismo Terra morra, nesse instante elas darão um jeito de se superarem, lançarão a humanidade pelo cosmos para macularmos outros lugares, aí o terceiro planeta do sistema solar irá engulir essas antigas obras humanas para então entrar num novo ciclo de renascimento.
Quê que foi guri?! Tá achando esse velho maluco?! É talvez eu seja, sabe? Eu já fui filósofo, poeta, físico de renome, hoje eu vendo artesanato manja?! Eu faço arte. Tiro energia da cidade, aquilo que ela rouba de mim eu pego de volta, cada despedida, cada pulmão partido com a fumaça, o afeto a discórdia. Existem linhas de poder dentro delas, linhas que eu sei onde ficam, linhas de afeto, outras de dominação, é daí que eu tiro a magia, das enchentes, dos metrôs que rasgam a escuridão como os vermes das lendas... Sim, tem gente batalhadora, tem vermes sanguessugas... tem de tudo. Histórias gravadas em concreto e vidro.

Essa que eu vou contar agora não tem final feliz, é pra quem tem estômago, possui tudo aquilo que o povo gosta, sangue e sexo. E como toda boa história, ela começa falando de uma garota...

Maria Paula era linda, morena, olhos azuis, boca carnuda, uma pérola em meio aos porcos no sertão de Goiás. Cabelos longos, um olhar provocante em meio aos gestos de menina. Traduzindo para o bom e velho português de boteco, a mina era muito gostosa, mas muito mesmo. E ela sabia disso, sabia do efeito de seu rebolado, era capaz de ver as coisas ao longe, e quando pintou a oportunidade de ir a São Paulo trabalhar como modelo não pensou duas vezes. Poderia realizar os sonhos dos pais, dar uma vida melhor aos irmãos menores e viver na badalação.
As luzes coloridas, os carros em alta velocidade, as montanhas de concreto que erguiam-se imponetes em direção aos céus, parecia que nascera para aquilo, sentiu-se em casa no instante em que desceu na Rodoviária do Tietê e deu seu primeiro passeio de metrô até a agência.
O primeiro cachê foi bom. Aliás mais dinheiro que seu pai costuma ganhar em pelo menos 3 meses de trabalho duro, tudo isso apenas para caminhar, ser fotografada e vestir roupas bonitas. Baladas, muitas, agito, música, drogas, alcóol, sexo. Experimentou de tudo!!! Gastou tudo... até que uma amiga a indicou pra fazer um programa, em princípio era para apenas servir de acompanhante para um velho babão em um jantar de negócios, nada demais, até porque mesmo com a invenção do viagra... provavelmente ela mataria o velho do coração... Depois vieram os masoquistas que curtiam apenas apanhar, cocaína da boa, dinheiro que garantiria o futuro da irmã mais nova, uísque do bom, carro importado, o sonho de menina realizado.
Mas nem tudo são flores, sexo burocrático, nada de beijos apaixonados, apenas estocadas sem carinho, gemidos ensaiados, mentiras, no Mackenzie vestia a imagem de garota inacessível, fazia administração, não tinha amigos, só clientes e colegas de trabalho, os sonhos nem são tão bons quanto os devaneios mandados por Orfeu... chega uma hora em que a viagem termina e o pesadelo começa.



continua...

segunda-feira, junho 13, 2005

Perdido

Ele odeia admitir, mas se comove com a ocasião de consumo celebrada no dia dedicado ao santo casamenteiro. De quê essas coisas adiantavam pra ele?! Casais apaixonados pelas ruas, campanhas publicitárias péssimas e aqueles corações miseráveis espalhados pelas vitrines. A boa e já desgastada imagem de subversivo ordenava repúdio total a essas imposições do Sistema, mas invariavelmente todos os anos ele se sentia incrivelmente só. Noitadas, a brisa fria da noite e até mesmo a boa e velha cerveja, companheira de longa data, pareciam ser incapazes de animar o rapaz.
Também pudera, anos dedicados a sonhos em que seres humanos como esses que foram concebidos para esta dimensão jamais seriam capazes de realizar. Liberdade, justiça social, solidariedade ainda são conceitos avançados para nossa época, e por mais que não acreditasse em uma trascendência após a morte e ridicularizasse a separação da racionalidade do mundo sensível, permanecia imóvel, incapaz de agir, gritando paçlavras ao léu, buscando ações, querendo fazer a revolução de um único garoto, mas todo dia 12 de junho, ficava amuado, sentindo-se um zero, só não direi à esquerda porque caso contrário estaria escarnecendo de seus ideais, como se eu já não o estivesse fazendo a um certo tempo nessas singelas páginas.Sempre preso no mundo da lua.
Na semana passada em um bate-papo elevado com um grande amigo, uma verdade surgiu: "todo revolucionário é um homem perdido; seus fins são previsíveis, ou se torna um mártir (Guevara, Jannis, Morrinson, Hendrix, Cobain- todos morreram jovens), ou enlouquecem (Nieztche, Arnaldo Batista) ou acaba se rendendo, compra seu carro, vira mutuário da casa própria, ganha filhos pra se criar (seu pai)..."
Ele ainda continua atordoado com essas conclusões... Bem...uma hora ele acorda.

eu queria escrever uma ode à vitória esmagadora dos Javalis no torneio em ribeirão... mas infelizmente... tive que acabar recorrendo ao bom e velho tema dessa época do ano... c´est la vive

segunda-feira, maio 23, 2005

Fitando o Vazio ou Apenas Observando o Teto

Ele olhava fixamente para o teto de seu quarto quando começou a sentir-se enclausurado. Levantou, na cozinha apenas pratos sujos e panelas vazias. Reflexos de uma ausência. Há quanto tempo não cozinhava? Dias? Meses? Uma vida? Porquê andonara sua fortaleza de solidão? Não possuia tais respostas.
Sentou frente a prancheta, a folha em branco o enchia de terror. Assim como alguns pensadores durante a Idade das Trevas negavam veementemente a existência do vazio, ele fugia daquela brancura infinita e aterrorizante. Acendeu um cigarro, "nessas horas um cinzeiro e um scoth são as melhores companhias.
Cinziero transbordando, na garrafa pouco mais que umas gotas de uísque 12 anos. Desviou o olhar do vasilhame, num canto do quarto um kimono amarrotado, castigado pela falta de uso... Lembrou -se do conceito marcial do vazio, o lutador deveria transcender a raiva, e o momento, concentrar-se no vazio, deixar de lado o medo e as paixões, fitar o nada, mergulhar no vazio!!!!
Confusão, vontade de sair, gritar, correu até a cobertura do edifício, encarou o céu noturno, pensou no brilho daqueles olhos, preso na fotografia que queimara na noite anterior. Atirou-se num salto ilógico, deixou-se envolver por aquele vácuo reconfortante, na velocidade da queda, sentiu um raro momento de liberdade.
Satre disse que o ser humano estava condenado a ser livre, nosso amigo provavelmente estava condenado a ser só. No escuro encarou a folha em branco, se alguém tivesse prestado atenção poderia ter ouvido um ruído tênue,a queda de uma lágrima talvez. O papel não estava mais vazio, carregava toda a carga de sentimento daquela noite de delírio.
Deitou-se... olhar fixo no teto familiar... adormeceu... e teve sonhos intranquilos

domingo, maio 15, 2005

em breve aqui na sua lua florestal favorita

"Saiba, ó Príncipe, que entre os anos quando os oceanos tragaram a Atlântida e as reluzentes cidades, e os anos quando se levantaram os Filhos de Aryas, houve uma era inimaginável, repleta de reinos esplendorosos que se espalharam pelo mundo como miríades de estrelas sob o firmamento. Nemédia; Ophir; Brithúnia; Hiperbórea; Zamora, com suas lindas mulheres de negras cabeleiras e torres de mistérios e aranhas; Zíngara, com sua cavalaria; Koth, que fazia fronteira com as terras pastoris de Shem; Stygia, com suas tumbas protegidas pelas sombras; Hirkânia, cujos cavaleiros ostentavam aço, seda e ouro. Não obstante, o mais orgulhoso de todos era Aquilônia, que dominava supremo no delirante oeste. Para lá se dirigiu Conan, o cimério, de cabelos negros, olhos ferozes, espada na mão, um ladrão, um saqueador, um matador, com gigantescas crises de melancolia e não menores fases de alegria, que humilhou sob seus pés os frágeis tronos da terra." Crônicas da Nemédia

sábado, maio 14, 2005

quarta-feira, abril 27, 2005

...

Posso ouvir vozes no escuro, às vezes vejo vultos, tenho medo de muitas coisas, tenho medo de cirurgias, já tive medo do escuro, tenho um medo imenso de te perder. Mas como posso ter medo disse se nunca a tive? Deve ser porque vejo as estrelas em seus olhos e sua voz me acalma como o barulho das ondas.
Queria te trazer pro meu mundo, que você pudesse enxergar como eu a vejo, ouvir como eu a ouço... mas ultimamnete tudo anda meio esfumaçado... o medo coloca suas garras pra foras... enche de névoas os meus sentidos... Te ver é quase uma necessidade, e chego até mesmo a ficar enjoado com esse meu sentimentalismo tolo... Fecho os olhos... imagino coisas lisérgicas... mas no final sua imagem aparece... como uma fumaça púrpura... Bem vinda ao meu mundo eu digo!!! Habite meus sonhos eu peço!!!


merda preciso parar de ouvir baladinhas e fazer uma overdose de soilwork!!!!

segunda-feira, abril 25, 2005

Sobre gente que não come bacon, meu ódio pelo miguxês e outras neuroses, ou Como manter um nível saudável de insanidade em uma fila...

Título pomposo é verdade, mas trata-se da saga do meu feriado em minha cidade natal, e dessa vez quero deixar de lado as crises existenciais, as grandes paixões pára me dedicar ao prazer puro e simples de reclamar.
Sábado à tarde em Sampa, após levar cano de meus grandes amigos tomo uma decisão; "Vou sozinho no teatro do SESI!!!"- acredito que ando muito acostumado a minha pacata vida no Centro-Oeste Paulista, já que parti para um passeio vespertino em São Paulo sem uma blusa de frio, um guardachuva, um walkman ou mesmo um livro.
A viagem de ônibus foi tranquila, sem grandes acontecimentos dignos de nota, quando me aproximo da Av Paulista come ça um toró... como sou estúpido!!! não levei guarda chuva... Tento correr, mas meus pulmões não estão mais tão adaptados à poluição, mas mesmo assim resisto, chego no teatro não muito molhado.
Decido passar um tempinho na gibiteca, no entanto, percebi q a fila começou a se formar... e bem... era hora de encarar meus demônios.
Quando não se é uma pessoa muito sociável, filas imensas tendem a ser um martírio, a menos quando sua cabeça é uma usina criadora de besteiras, basta deixar os sentidos no stand-by e viajar na maionese... o problema é que infelizmente me vi tragado do meu próprio mundo da lua por coisas que costumam despertar minha raiva e o meu espírito agressivo.
Logo a minha frente na fila dois jovens fazendo cursinho pré-vestibular se perdiam em suas amenidades, transcreverei a parte do diálogo que me tirou do transe:

- Ai Didi...será q o meu pakeruxo vem?! perguntou a moça...
- Sei-lá...respondeu secamente o rapaz...

Minha sombrancelha começou a latejar, meus pêlos eriçaram e tive uma vontade enorme de sucumbir ao ódio, não basta esse maldito dialeto tomar conta da internet, agora ele vem me atormentar na fila para o teatro!? Não pode!!! Assim não tá certo!!! Foi quando comecei a perceber de fato o ambiente a minha volta. Gente pseudo-descolada, óculos de armação grossa, uma cara fazendo crochê... um gótico com a cara pálida lendo um livro, umas patricinhas falndo sobre suas bolsas... tive vontade de gritar!!!
Respirei fundo... tentei voltar ao meu nível normal de sandices... fiquei pensando em várias coisas, na minha vida e sobre como podem existir pessoas que não comem bacon. Lembrei de uma loja na Galeria do rock... uma loja Veagan cujo slogam alegava que ali se vendiam acessórios sem crueldade.
Foi quando parei pra pensar: Existe produção industrial sem crueldade? - vamos aos argumentos:
Pra eles crueldade é matar animais, mas e a mão-de-obra infantil explorada nas lavouras de algodão? Ou mesmo os adultos bóias-frias? EE o trabalho que é expropriado em todas as etapas da produção? Se isso não for crueldade não sei o quê é... mas tem gente que prefere ficar por aí gritando "Dê uma chance a paz salve as baleias!!!" fazer o quê?!
Mas o quê mais me irrita é dizer que comer carne é um ato bárbaro!! Somos animais onívoros, fazemos parte da cadeia alimentar... faz parte do nosso instinto... agressividade é um dos pontos que moldam nosso instinto de sobrevivência ela deve ser controlada e direcionada... pra atividades construtivas, afinal... agressividade superficial não aproveitada é violência!!!
E com esses pensamentos caóticos que passei três horas em uma fila pra ver um espetáculo que valeu à pena.... mas foi por pouco que meus indices de insanidade não passaram do limite do saudável...

sexta-feira, abril 15, 2005

Caminhante Noturno

o título é uma homenagem a uma das minhas músicas favoritas de uma das maiores bandas q o mundo já conheceu. os Mutantes


Ele caminha pela noite, a brisa noturna refresca seu rosto com uma velha conhecida, mais uma caminhada. Sob a lua minguante ele caminha pela avenida, que já foi o leito de um rio, uma área desvalorizada, no entanto, após a sua construção, tranformou-se em um dos metros quadrados mais caros da cidade. Pensou em seus usos, nas lanchonetes, nas agências de automóveis, no parque, no caos que toma a cidade quando chove, nos fluxos de poder que por ela percorrem, naquele mesmo caminho, sempre igual e imutável que ela delimita, foi quando chegou ao seu destino.

- Nossa que bom que você chegou!!!
- Ué?! Porquê?
- Saca só o quê estamos disctindo... estamos falando sobre a crise que a morte de Deus anunciada por Nieztche causou no moderno...
- Nossa, isso é bacana... pq à partir do momento que ele nega o dualismo pregado tanto pelo cristianismo quanto pelo platonismo ele destrói todos os tabus que a nossa sociedade criou quanto ao mundo sensível. Não existe separação entre a razão e o mundo sensível, nossa racionalidade se constrói à partir de nossas experiências, que são adquiridas somente através de nossos sentidos... e toda aquela história de transcendência e um plano superior que nos espera é tudo balela!!!
- Mas não era disso que estávamos falando, estavamos falando sobre a crise de representação que o pós-moderno trouxe para as artes...
-Mas aí é que tá, depende daquilo que você considera como modernidade... porque em história e na filosofia, a modernidade é o período que se extende do século das luzes até a revolução industrial... agora se você está falando em modernismo, o buraco é outro... já que Nieztche é anterior ao modernismo... e sim ele rompeu com os paradigmas da filosofia moderna...
- Ah tá, mas então a arquitetura demorou mais tempo pra cair nessa crise...
- Isso já que os preceitos da arquitetura modernista eram baseados nos preceitos Cartesianos e apesar da ausência de ornamento, a geometrização da arquitetura clássica era bastante presente... E quando o Mundo mudou, a velocidade das coisas e o pensamento corrente também se transformou, nesse momento os arquitetos permaneceram presos aos ossos de seu precioso movimento... aí tudo se perdeu... bem...essa é minha opinião tenho trabalho a fazer...
Obrigações cumpridas ele tomou seu caminho, com as estrelas como companhia lembrou de um certo brilho, vindo de olhos irriquietos como o azeviche, pensou naquelas pernas de louça, que passavam por ele sem que pudesse tocar, no beijo com gosto de maracujá, em todas as palavras que já decorara há duas semanas. Seguiu caminhando, queria o silencio, aquele caminhante noturno. Pisou a grama, pisou o asfalto, lembrou daquela canção. Queria saber que horas eram. Continuou caminhando antes da noite morrer... caminhou até o dia nascer...

continua

terça-feira, abril 12, 2005

Espíritos Nascem e Morrem...

Ouço chamados, não sei se eles vem do céu ou do inferno, ou se são apenas ecos dos abismos da solidão. As vozes clamam por aqueles que conseguem alcançar a felicidade, mas o quê essa palavra quer dizer mesmo?
Alguns podem dizer que a chave pra felicidade é o amor, ou que o dinheiro e o sucesso profissional trazem tudo isso de avião na classe executiva... mas o chamado continua, clamando, sabe-se lá pelo quê?! Talvez nem sejam os ecos da solidão, talvez os gritos venham de cima do abismo, onde reza a lenda tudo pode ser melhor... mas todos gostam de um pouco de degeneração, um copo de vinho, um pouco de luxúria, uma pitada de intriga, guerras de egos, e aí ninguém consegue ou pelo menos tenta escalar o abismo.
Sim dizem que lá em cima se vive um tempo de glória, mas quem acredita nessas coisas? Um cara me disse certa vez que o maior momento de estupidez do universo foi aquele em que uns animais bípedes, da família dos primatas, disseram que suas existências poderiam vencer o processo biológico chamado morte... tolos. Eu também sou tolo, porque afinal passei alguns minutos frente ao computador sem escrever algo que preste...

sexta-feira, abril 08, 2005

festa

Música, luzes, cheiros vozes... latas pelo chão, corpos que se tocam em cantos obscuros, o curso normal de qualquer festa universitária. Ele estava calado, bebeu alguns drinks, soltou algus risos. Seu copo era sua melhor companhia, ficava apenas idealizando alguém, fechava os olhos, trazia a lembrança do sorriso, o jeito que ela fumava um cigarro, aqueles olhos vivos que o faziam sair de suas próprias trevas, e aquelas curvas, sim voluptuosas, belas, sedutoras. Pensava em poesia, obcenidades e tudo o mais. Mas como sempre, apenas pensava. Ele queria perguntar quais eram seus medos, seus sonhos, sua tartaruga ninja preferida e se em tudo isso haveria espaço pra ele.
Não fez nada disso, tinha medo de perder sua musa, de abandonar a idéia que o atraia tanto, enfim, era um covarde, metido a poeta, mais um bêbado que acordou com o sol na cara em uma sala qualquer...

sábado, março 12, 2005

tava sumido...

Escrever é uma paixão, mas uma paixão com a qual tenho sido o mais negligente dos amantes, sabe como é né... a boa e velha mãe de todos os males, a preguiça, mãe é mãe...devemos respeito!!!
Mas deixando de lado as lamúrias vamos ao que interessa... preencher o espaço virtual com minhas sandices... afinal...é disso que esse blog se trata...

CONVERSA DE BOTECO...

A cerveja é provavelmente uma das melhores amigas da universidade, aliás não apenas essa loira gelada, mas todo e qualquer tipo de experiência etílica acaba proporcionando papos que fazem o curso superior valer o preço que se paga...
Esse papo que terá alguns diálogos trancritos nasceu após um treino de rugby, os heróicos trogloditas do Javalis Rugby Bauru, decidiram encerrar o treino com uma gelada...
usarei nomes fictícios pra preservar a identidade dos envolvidos... afinal...papo de boteco é coisa séria...

Jaime - Ow, Gaúcho traz uma Brahma gelada pra gente!!!
Augusto- Então negada, será que as minas vão treinar nesse ano?
Douglas- Putz, véi... nem sei mano... a Lê, tenho certeza q sim, pq a mina tem sangue no zóio, mas as outras sei não...
Jaime- É, pode crer... mas sei-lá... pra elas o que pega mais é o horário né?!
Augusto- Só é... mano... vcs já repararam que tem dois "fs" no rótulo da breja?
Douglas- Puta mano... nem tinha reparado...
Oscar- Tá vendo bixo... da próxima vez desafia alguém a achar os fs... dá pro cê ganhar umas brejas com isso!!!
Augusto- Porra mano, designer é um bicho filho da puta!!! Saca essas coisas q eles fazem... no final tudo é muito pensado pra aumentar a atração que o produto exerce em você...
Jaime- O foda é que o desenho industrial deixou de ser filho da engenharia pra ser filho da publicidade...
Augusto- Pode crer... vcs são usados pra criar feitiches nas mercadorias... tipo... criar necessidades que em tese ainda não existem... coisas sem valor de uso...
Oscar- Isso, a mercadoria não precisa mais de valor de uso, só valor de troca... nós universitários somos apenas agregadores de trabalho humano abstrato, nessa calhordagem toda...
Augusto- Se bem que a situação como está hoje, não dura muito tempo...
Jaime- Certeza... a economia como está presa ao dolar, tá com os dias contados, se bobear estamos próximos de uma crise igual a de 29...
Oscar- As bolhas da ecnômia estão se rompendo...
Jaime- Eu acho q vamos cair na barbárie... vai ser tipo , Mad Max!!! E eu só quero ter uma 12 e um MAverick...
Todos- Cala a boca mano!!!
Augusto- Mas mudando de assunto, que coisa de louco... a Aline tá muito gostosa!!!
Jaime- Vc viu aquele vestidinho que ela tava na festa...

Desse ponto em diante não há nada q se aproveite!!!

sábado, novembro 27, 2004

bhsvbukDVJCX

sexta-feira, novembro 26, 2004

O calor da cidade sanduíche abraça minha pele como velhos conhecidos, tomei banha há umas três horas e não vejo a hora de tomar outro, nenhum dinheiro no bolso, um monte decoisas a se fazer e uma preguiça dantesca são meus companheiros nessa típica noite de verão. O tempo abafado aumenta o sono, mas dormir nessas condições adversas assemelha-se a um dos atos mais heróicos, que deveria ser eternizado pelas canções... ok estou exagerando, mas convenhamos temperança não é uma das virtudes mais cultivadas por esse desastrado habitante da lua florestal de Endor... pra quem a pouco tempo não conseguia pronunciar exprssões mais elaboradas do quê nave caiu, nave estelar caiu, trata-se de uma evolução e tanto... se bem q não disse muita coisa, acho q regressarei ao meu limbo criativo... inté!!!

aventuras aventurescas cap 3

em casa

A brisa matutina trazia um novo ânimo a Miguel, melhor do que viajar o mundo e viver as mais incríveis aventuras é o momento em que se chega em casa, comida caseira, carinho de mãe, as exortações de seu pai, contar histórias incríveis ao seu irmão menor, tudo bem que sempre chegará o momento de partir, uma parte amarga, mas o ato de partir paga a doçura do regresso, e ao subir pela rua em que nasceu e foi criado, ele tem a certeza de que viver vale à pena.
- A sua benção meu pai.
- Por quê chegastes só agora?
- Problemas numa taverna nada de sério, porquê?
- Há um ofical do magistrado... disseram que agredistes o filho do juiz!!
- Mas eu nem quebrei nenhuma parte daquele pária...
- Não importa, olha... eu sei q o rapaz deve ter aprontado, e sinceramnete talvez eu até faria o mesmo, afinal fui eu quem te educou assim... mas... mal cabastes de chegar...
- Senhor Miguel... considere-se preso.
- Olha, não houve destruição de propriedade, não bati no infeliz, o desafiei para um duelo e o cão borrou as calças...
- Filho, controle-se... acompanhe o soldado. Sairemos dessa...

continua

domingo, novembro 21, 2004

aventuras aventurescas!!!!

em casa

A brisa matutina trazia um novo ânimo a Miguel, melhor do que viajar o mundo e viver as mais incríveis aventuras é o momento em que se chega em casa, comida caseira, carinho de mãe, as exortações de seu pai, contar história incriveis ao seu irmão menor, tudo bem que sempre chegará o momento de partir, uma parte amarga, mas o ato de partir paga a doçura do regresso, e o subir pela rua em que nasceu e foi criado, ele tem a certeza de que viver vale à pena.
- A sua benção meu pai.
- Por quê chegastes só agora?
- Problemas numa taverna nada de sério, porquê?
- Há um ofical do magistrado... disseram que agredistes o filho do juiz!!
- Mas eu nem quebrei nenhuma parte daquele pária...
- Não importa, olha... eu sei q o rapaz deve ter aprontado, e sinceramnete talvez eu até faria o mesmo, afinal fui eu quem te educou assim... mas... mal cabastes de chegar...
- Senhor Miguel... considere-se preso.
- Olha, não houve destruição de propriedade, não bati no infeliz, o desafiei para um duelo e o cão borrou as calças...
- Filho, contro-se... acompanhe-o soldado. Sairemos dessa...

continua

quarta-feira, novembro 10, 2004

Continuando com nossas Aventuras Aventurescas

Na Taverna

Maria suava frio, o fidalgo não parava de tremer. Ela podia sentir seu medo, Teixeira estava só, seus homens nada podiam fazer, Miguel era famoso por seus duelos naquela região, raramente matava, segundo o marinheiro "matar é fácil." E seu parceiro Antônio já dirigia um olhar feroz para seus seguranças, seriam os últimos momentos de dignidade daquele infeliz. A garaota ainda tremia, medo, excitação, tudo se misturava na figura galante de seu salvador.

- Lá fora cão!!! Aqui é um lugar de labor, não vou manchar o assoalho com teu sangue!!
- Ppppodemos resolver isto de outra maneira ... sabes que meu pai é um dos magistrados da cida...
- Pouco me importa!!! Vamos!!! Te desafiei, exijo meu duelo!!!
- Miguel, controle-se. Sabes que isso te trará problemas...
- Olhai isto Antonio... o filhinho do juiz está a se borrar todo!!! Vamos recolher os dejetos... Saia daqui e não voltes mais!!!

E a figura do fidalgo saiu a rastejar pelos becos do cais, com suas belas calças borradas, vermelho de raiva e de vergonha. "Ele me paga!!! Não perde por esperar!!". A determinação de seus pensamentos assustaria até mesmo os amigos mais íntimos de José Teixeira, um homem de nenhum princípio, que sempre se escondera a sombra do nome da família, e aquele comerciante fedendo a maresia atrevia-se a humilhá-lo de tal forma!!! "A vingança é um prato que se come frio. Deixa estar!!"

continua...

sábado, novembro 06, 2004

Mais uma da antiga série de "Aventuras Aventurescas"

noite

As ruas estão vazias, ouve-se algumas cantigas do mar e, tavernas fedendo a vinho barato e frituras, aqueles que decidem encarar essa escuridão de inverno na cidade do Porto procuram por uma taça de vinho e talvez o colo de alguma prostituta, são infinitas variáveis. À noite as ruas tem um aspecto triste, melancólico, como um antigo fado, ou uma canção que fale sobre despedidas. Estamos no ano de 1560 de nosso Senhor, nossa nação é uma potência maritma, e um marinheiro procura matar a saudade, foram longos meses afastado, navegar é difícil, Miguel Ferreira de Oliveira, entra na taverna.
- É só um trago Miguel!!!
- Antônio, estivemos a fazer uma longa jornada, teremos tempo para aventuras noturnas. Tudo que eu quero é minha cama...
- Ora pois, vai abandonar teu melhor amigo?!
- Mas é um biltre e dos mais baixos!!! Pois esta bem, um trago e vou ter com minha família!!!
Maria não gosta do seu emprego, mas ela precisa ajudar a família, o pai e a mãe não dão conta de todo o trabalho sozinhos, mas é terrivel pra ela aturar aqueles bêbados cheirando a suor, cheios de péssimas intenções a dizerem os piores disparates a uma donzela que acabou perdendo parte da inocência nesse trabalho ingrato.
- Vem cá, Maria... Já provastes os lábios de um fidalgo?! hahahahahhaha
- Me solte, Teixeira!!
-Ah, a rapariga quer dar de difícil?! hahahahahaha... saberias por acaso quem sou?!
- Um cão muito incoveniente eu diria, solte a donzela ou corto sua garganta!!!
- Miguel, largue-o!!! Ele é um fidalgo!!!
- No mar, pouco importa o sangue, sou comerciante, não permitirei que esse pária oprima nossa classe!!!




continua