sábado, agosto 09, 2008
carta para um amigo
Porque se tem uma das muitas coisas que herdei de vc xará, o gênio forte é uma delas. Só que diferente de você, eu sempre soube me controlar. Nesses dias, que estão perto do seu aniversário, eu te sinto muito presente. Nos ultimos tempos eu te achava careta e você me considerava um vagabundo.
eu lembro que vc tinha medo dos caminhos que eu escolhi, e nesse medo residiam todas as nossas brigas, pq todo pai quer o melhor para o seu filho, mas nem sempre aquilo q vc imagina como bom serve para outra pessoa, e o nosso problema era justamente esse. Eu fecho os olhos e quase te vejo ouvindo Raul, como vc costumava fazer perto de datas importantes, e como agora é hábito meu. Mas hj, bem... eu não tenho essa coragem. A unica coisa que consegui fazer foi tomar uma dose de uísque, e ficar olhando fixamente para o cinzeiro na sala.
Sabe chegado, bateu uma saudade daqueles tempos em que agente vivia com uma mào na frente e outra atrás, dos passeios de trem e de metrô, de andar de carro na paulista e de descer a augusta ouvindo as suas histórias, sentindo uma inveja por nào ter vivido ainda tudo aquilo que vc viveu.
Me peguei esses dias rindo como vc ria, e minha voz no telefone, é igualzinnha a sua. Achei uma foto nossa, eu ainda usava fraldas e vc tava me dizendo alguma coisa, baixinho, ao pé do ouvido. Que será que vc me disse? Que tipo de promessa de uma vida maravilhosa vc me fez naquele dia?
Pouco importa, o que interessa é que nossa história nunca foi fácil, e as pedras do caminho só serviram pra deixar as solas do meus pés grossas, feito pneu, fiquei cascudo, as vezes até duro demais, mas tudo que nós fomos, tudo que vivemos me carregam de orgulho. Sinto sua falta. espero que do além, vc possa ler essa carta.
E aos meus amigos um conselho, abracem seus pais amanhã, aproveitem pq o tempo é curto, pq depois... numtem mais volta.
terça-feira, agosto 05, 2008
Estrada para o Inferno - parte 1 - Chuva
"O homem é o lobo do homem." - Hobbes
A chuva que cai ensopa o meu terno caro, nas ruas da Avenida Paulista as pessoas circulam sem olhar nos olhos uma das outras, um hippie fedorento guarda seus trabalhos, eu posso ver os seios daquela morena de camisa branca. Queria que a chuva lavasse os meus pecados, mas isso é impossível em São Paulo, se fosse há alguns anos, poderia se dizer que a chuva é uma das águas mais limpas, mas nào nessa selva de pedra. Aqui chove enchofre, igualzinho ao inferno.
Há 10 anos, eu não pensava assim. Chovia na Lapa de Baixo, eu desci do trem ansioso, um ano de estudo, um concurso público concorrido, seis meses de treinamento de elite, as melhores notas, agente da polícia federal... a felicidade era tanta que o fedor do mercado municipal e as ruas abarrotadas de camelôs não me incomodavam.
Chegando na Superintendencia Regional da Policia Federal, fui encaminhado para a Diretoria de Combate ao Crime Organizado (DCCOr), deveria conversar com o Delegado Jaques Luba e fora isso não sabia de mais nada. O nervosismo, a ansiedade, e meio maço de cigarros depois, sou chamado.
Eu acreditava no sistema. E apurar as irregularidades nos três poderes, vigiar, punir, era o sonho de uma criança viciada em filmes noir realizado. Que tipo de idiota as portas do século XXI ainda acredita no pacto social? Bem, eu acreditava e estava pronto pra ser um novo defensor do sistema.
Na sala do Jaques, milhares de papéis e cheiro de cigarros misturados com um aromatizador barato, na minha frente dois sujeitos, um cara gordo, de olhos azuis e profundos, sorriso simples, pele avermelhada, cara de polonês, bonachão, se tivesse barba poderia ser o papai noel, mas por trás da aparência risonha, um olhar que analisava tudo a fundo, como se pudesse enxergar o seu caráter, antes mesmo que vc fosse capaz de pronunciar uma palavra, essa foi a minha primeira impressão do Luba. Em pé ao seu lado, com uma pasta na mão, um sujeito magro, altivo, ligado no 220, boca suja, compulsivo, me olhava como se eu fosse algum tipo de animal, bufava bastante, e mesmo que fizesse frio naquela tarde, suava bastante.
Sentado na frente dos dois, aquele seria o primeiro dia, de um inferno que nem em meus piores pesadelos, eu poderia imaginar...
continua...
quinta-feira, dezembro 20, 2007
e ele partiu, todo de branco
Bebeu da vida como poucos, tenho inveja das suas aventuras. Me ensinou tudo de bom e também tudo aquilo que não presta, meu herói, meu arqui-rival. O maior guerreiro que já vi.
Foi embora num instante, como quem pega uns trocados e vai até a padaria comprar cigarros e tomar café, justamente quando eu tinha certeza que última viagem seria adiada mais uma vez. Ajudei-o a fazer as malas, velei seu sono induzido e olhei bem fundo nos olhos que me criaram e em silêncio agradeci por tudo, e hoje eu sei que ele me entendeu.
A medicina é estranha, é uma luta contra o inevitável, disseram q eu podia ir, que ele ia me esperar, mas não deu. Quando eu voltei, a cama vazia, os cinzeiros limpos e o copo de uisque guardado ármário. Chorei feito criança, da mesma maneira em que chorava no seu colo quando eu era criança, mas dessa vez eu não pude deitar no seu peito e te chamar de meu chegado, meu xará...
Fechei a tampa da urna, e o carreguei, com lágrimas e uma dor que parecia que não ia suportar. Os bons e maus momentos na memória, lições de garra, de dor e de honra. Noites mais tarde eu tive um sonho, voltava pra casa da minha infância e me disseram que ele tinha ido viajar, corri para o nosso esconderijo, a montanha onde conversarvamos sobre o mundo, no tempo em que o careta era eu, lá eu o achei, todo de branco, subindo num elevador, corri para as escadas, ele me sentiu, desceu do elevador, pegou em minha mão e eu fui criança, o adulto que sou e o velho que serei naquele caminho. Me advertiu denovo de que a vida era bela e a estrada era dura. Disse que à partir deste dia estaria comigo em todos os momentos, no meu andar desengonçado, no meu jeito de bagunçar o cabelo quando estou nervoso, numa música qualquer do Raul e que nós estamos ligados eternamente em nossa energia, porque eu sou ele em um outro devir, em um outro tempo e que agora era comigo, que a sua parte estava feita e ele precisava descansar.
Meu pai me disse boa sorte. No sonho e no leito do hospital, a ultima vez em que nos olhamos não sai da minha mente.
Agora fito o céu, ouço a música e sinto saudades, mesmo sabendo o quanto ele está próximo. Como todo bravo, ele vive pra sempre. Na minha memória, no meu sangue. E de branco ele partiu, deixando em mim o seu legado, a história de quem conquistou o mundo, perdeu, sacudiu a poeira e ganhou tudo denovo, quando todo mundo duvidava e num momento em que qualquer um desistiria.
E ele partiu, do pó ao pó como dizem... de branco como queria, para finalmente se juntar as estrelas e cuidar de mim como sempre cuidou.
Peito de aço e coração de bronze, agente se vê um dia.
quinta-feira, janeiro 04, 2007
baboseiras de começo de ano
Como todo mundo, chega essa época do ano eu tento fazer um balanço, e apenas uma palavra me vem a mente: caramba. Nessa semana de tédio e chuva fiz dois bons amigos. H. Humbert e Dorian Gray, pensei muito sobre a vida, pensei sobre a arte, também me apaixonei por uma certa Dolores Haze e me vi envolvido pelos belos discursos de um dandi chamado Harry, foi triste me despedir deles.
O barulho dos carros não me deixa ouvir meus pensamentos, algumas imagens emergem na lembrança, as mesmas promessas que todos fazem, aquele otimismo que chega soar falso e pedante. Não que eu não tenha esperanças, mas é que eu fico irritado ao ouvir todas aquelas promessas tolas, de q podemos tornar-nos pessoas melhores no ao que vem, mas isso sempre fica pra um futuro que não chega.
Prefiro não criar esperanças, aliás o pior dos demônios libertados por Pandora. Um dia de cada vez, uma batalha por dia, uma madrugada apaixonada de cada vez, saborear a taça de vinho sem pensar na próxima...
quinta-feira, dezembro 07, 2006
a fumaça do cigarro seguia a luz pálida da lâmpada, e gotas de água rodeavam o copo de cerveja. vozes felizes. delírios etílicos. risos. música. o riacho entoava belas poesias, e olhos irriquietos me convidavam para um mergulho. risos. músicas.
a saia rodava, branca, tingida pelo vermelho da fogueira. palmas, vinho e canções. risos. músicas.
a bicicleta corta o ar da noite, a fumaça dos carros, businas, faróis altos. em minha mente. risos. música. amigos q partem, sonhos novos na próxima esquina. um gaitista. blues. vozes. risos. música. vida.
segunda-feira, dezembro 04, 2006
its all over now, baby blue...
Sinto falta das tardes ensolaradas, e não faz nem uma hora que elas se encerraram. Penso que o céu reflete meu estado, numa tentativa de levar poesia ao trivial, pra mim que transito entre as coisas, e mudo a toda a hora, a transitoriedade das coisas deveria ser normal, mas ir embora... é sempre uma droga.
Um soldado sempre sonha com um lar pra voltar, cartas de amor, beijos de namorada e uma festa para quando voltar, este já havia se acostumado a não ter isso, fazia da sua cruzada uma busca cega e solitária. Achava que a solidão me caia bem, um ar de um jovem torturado, fonte de inspiração para as minhas mimesis, do que seria a vida...
Bem... a estrada é para mim, o jogo é a minha própria calhordice, coragem e preguiça se degladeiam, e os resultados... imprevisíveis...
Passo por uma praça, vejo gente se amando na chuva, penso no que poderia ser, nos campos, uma tenda, um copo de vinho, meus dez mil anos de estrada, e em versos cantados há muito tempo por um sábio heremita...
No momento em que parti, senti uma vontade imensa de voltar, a cada pedalada, a cada gota de chuva...
Meus soldados abandonaram as armas, os caídos não levantam do caldeirão, e não escuto mais a minha gargalhada na floresta. Desenho algumas maluquices em meu lençol desbotado e risco outro fósforo. Pq não tem mais nada, negro amor...
its all over now, baby blue...
Bob Dylan
You must leave now take what you need you think will last
But whatever you wish to keep you better grab it fast
Yonder stands your orphan with his gun
Crying like a fire in the sun.
Look out the Saints are comin'through
And it's all over now, Baby Blue.
The highway is for gamblers, better use your sense
Take what you have gathered from coincidence
The empty handed painter from your streets
Is drawing crazy patterns on your sheets
This sky too, is falling under you
And it's all over now, Baby Blue
All your seasick sailors, they are rowing home
All your reindeer armies, are all going home
The lover who just walked out your door
Has taken all his blankets from the floor
The carpet too, is moving under you
And it's all over now, Baby Blue.
Leave your stepping stone behind, something calls for you
Forget the dead you've left, they will not follow you
The vagabond who's rapping at your door
Is standing in the clothes that you once wore
Strike another match, go start a new
And it's all over now, Baby Blue.
sexta-feira, novembro 24, 2006
kanku dai - fitando o céu, mais uma vez...
Uma música suave embalava os sonhos da menina, que dormia com um sorriso no rosto, assim como os anjos dormem.
Fui até a janela, não sei quanto tempo olhei para o céu. Dessa vez sem lágrimas, sem vontade de pular, se fosse para mergulhar em alguma imensidão, que fosse naqueles olhos irriquietos, ou na pequena morte daqueles beijos. Seria isso a poesia que tanto busquei?
As estrelas não deram a resposta que esperava, talvez ela estivesse em meu íntimo, na escuridão reconfortante de quando fecho os olhos. Eu desligo o rádio, assim posso ouvir a sua respiração, volto para a janela, fito o céu mais uma vez, dessa vez sem sonhos intranquilos, apenas um sonho bom que vem com as luzes da aurora.
segunda-feira, novembro 20, 2006
Sobre Revoluções, Levantes, Sonhos, Oaxaca e outras coisas que não se aprende vendo TV.
Quero começar essas linhas em tom de reflexão, justamente porque ao se falar de sonhos, o rigor da norma, a imparcialidade e outras convenções, roubam a magia desses instantes, momentos estes que não há outra palavra para classificá-los senão como mágicos.
De início, é preciso falar sobre algo desagradável, admito, queria começar com algo mais ameno, mas essa pergunta que não quer calar, se faz necessária. Porque será que toda vez que o mundo vira de cabeça pra baixo, as coisas sempre voltam a ser como eram antes? Ou até pior?! A Roda Viva da História segue seu giro, revolução, pessoas lutando para quebrar suas amarras, o estado das coisas reage com firmeza, gera traições, que culminam em um Estado ainda mais opressor, e novamente, botas em marcha e tons de um cinza tristonho.
Sabemos que a História é contada pelos vencedores, e eles classificam os levantes, ou insurreições, como revoluções que fracassaram, justamente por não completarem seu ciclo, movimentos fora e além da espiral hegeliana de “progresso”, esse ciclo vicioso em que vivemos. Surgo: levante, revolta. Insurgo: rebelar-se, levantar-se. Ações de independência. A quebra das amarras dessa roda, porque não dizer kármica?! Que rege nossas vidas.
Disseram-me que a história é tempo, sendo assim, uma insurreição é um momento fora do tempo, um instante mágico em que o homem enfim se liberta. Pra isso darei um exemplo que se desenrola enquanto escrevo, em Oaxaca, ao sul do México, um insurgo está em andamento. Um país democrata-liberal que passa por uma série de escândalos eleitorais. Tudo começou com uma greve de professores, que sofreu uma reação violenta por parte do estado, que gerou uma insatisfação geral na população que se organizou em apoio na luta contra o Estado das Coisas, essa reação foi pacífica, sem líderes, gerida e pensada pela comunidade, comunidade esta com raízes indígenas, guerreiras e acostumadas com a horizontalidade de decisões. O governo enviou seus esquadrões da morte, à paisana, clamando por sangue. O povo ergueu suas barricadas, tomou rádios e universidades, e vêm se defendendo desde julho. O governador tentou copiar seus amigos Yankees, e no feriado de finados tentou um último ataque, que foi frustrado com pedras e molotovs. Essa coisa não se vê na TV, e aparecem em notas pequenas nos jornais, onde o espírito de coletividade dessa aliança popular nem ao menos é citado. Alguns sonhadores, e posso dizer que me incluo entre eles, chamam esse instante mágico como uma nova comuna de Paris, e torço pra que ela não seja destruída como sua antepassada, e que também nunca entre na Roda Viva.
Mas a insurreição também não precisa ser armada. Nossos cotidianos podem possuir também essa mística, momentos de libertação em que juntos somos senhores de nós mesmos. Por mais que o controle e as relações de poder tenham suas influências nefastas até mesmo na esfera de nossa vida privada. Em nosso cotidiano, com todas suas alegrias e desgraças, é que reside a chave para essas fugas da História como a conhecemos. Nas conversas de bar, nas associações de bairros, nos centros acadêmicos, nos escritórios, na sala da sua casa. Escreva um poema e depois um livro, plante uma árvore, deixe o carro em casa, saia de bicicleta. Se organize, entre para uma ong, um coletivo, sei-lá. espalhe suas idéias, converse com um amigo. Olhe nos olhos. Mate um dia no trabalho, atire poemas nas vidraças, escreva a sua música nas paredes. Vibre! Mas não vibre sozinho, grite pra todo mundo as coisas que aprendeu enquanto estava mudo, conecte-se com os outros, espalhe essa idéia, façamos nossos próprios levantes. Que essas insurreições cotidianas sejam nômades e fantásticas, pequenos instantes fora da lógica que seguimos, que se comece uma reação em cadeia, como um big bang que surge da explosão de uma partícula hiper-densa. Qual será a densidade dos nossos sonhos?Sejamos quem quisermos façamos aquilo que der na cabeça. Afinal, somos todos condenados à liberdade.
Encerro essa divagação, com um poema que eu reli na noite passada:
Aqui, com um Pão debaixo dos Ramos,
Um frasco de Vinho, Um Livro de Versos – e Vós
A meu lado cantando no Deserto
E o Deserto é o Paraíso para nós.
Ah, meu Amor, encha a taça que redime
O hoje das Lágrimas passadas e futuros temores –
Amanhã? – Bem, Amanhã eu posso ser
Eu mesmo com os Sete Mil Anos de Outrora.
Ah, Amor! Poderíamos conspirar com as Moiras
Para agarrar inteiro esse lamentável Esquema das Coisas,
Não iríamos estilhaçá-los em pedaços – e então
Remoldá-lo mais próximo dos Desejos do Coração?
Omar FitzGerald.
E uma exortação do Profeta:
Eu vos digo: é preciso ter ainda caos
dentro de si, para poder dar luz a uma
estrela dançarina. Eu vos digo: ainda
há caos dentro de vós...
- Zaratustra
Para ler mais:
www.rizoma.net
www.sabotagem.revolt.org
http://www.midiaindependente.org/
sábado, novembro 04, 2006
Meus demônios vêm a mim, eles sentem a solitude e aproveitam para dar as caras, escarniarem um pouco, e depois partem, pensando ter conseguido fazer algum estrago.
Horas e horas sem dizer uma palavra, provocam algumas reações esquizofrênicas, conversar consigo mesmo, pensar em voz alta, fazer planos bizarros para o futuro.
Quando já não aguento mais o peso de minha prisão domiciliar, decido dar uma volta. Caminhadas me conectam com o infinito, eu acho. Coloco idéias em ordem, penso sobre mim, sobre o mundo e até mesmo nela.
Nas ruas, assim como eu, pessoas indiferentes a tudo. Ninguem se olha, não há toque ou contato. A vendedora da loja de conveniência nem olha na minha cara, e não vê o sorriso franco que abro ao pedir meu maço de cigarros e dizer que pagarei no débito... Vício idiota esse. Já levou boa parte do clã. E pelo andar da carroagem vai levar o último varão que também decidiu embarcar nesse pequeno suicídio diário. Vícios são as grandes muletas da humanidade. O Sistema é realmente muito esperto, dê-nos cocaína, religião ou futebol, estaremos sob controle dessa maneira.
A Tv não consegue fazer seu papel, ela é desligada... pela janela eu vejo o Sol partir para o seu sono, dando lugar a confortante noite e suas sombras... torço para que chova. Talvez assim eu saia de casa para sentir a água caindo do alto, e talvez berrar canções por aí, pular muros e gritar feito um louco para compensar as horas de silêncio do dia.
terça-feira, outubro 31, 2006
Mova-se!! Filosofe com um martelo!!! desenhe com uma marreta, faça umritual há muito esquecido, beije sua garota como ela nunca foi beijada antes, sinta o tempo na sua mão!!! Pegue seu martelo, forge um novo mundo... depois pinte-o da cor que vc quizer.
Dance sobre o cadáver de ídolos caídos... esqueça a ordem, mande para o inferno a gestalt, limpe a bunda com o racionalismo burocrático...
Seja perigoso, olhe nos olhos, cante, caminhe, faça amor com o mundo. Que em tudo q fizer haja suor e sangue, sorria... Não pare na pista. Vc não acha q ainda é cedo pra se acostumar? Me chame de louco, seja tb um.
Brilhe como uma estrela!!! Surfe nas ondas do caos, seja o caos!!! Seja deus!!! Seja louco.
sexta-feira, outubro 27, 2006
Abra seus braços e gire, e descubra o q é felicidade.
quarta-feira, setembro 27, 2006
heróis são desnecessários,
que a máscara caia,
sobra apenas a luxúria,
que eu volte a ser de pedra,
não quero mais perder tempo olhando para os céus,
que eu possa rasgar o céus eo inferno,
que as ilusões virem pó,
que o perfume do seu cabelo saia das minhas narinas,
e que o seu sorriso cortante seja apagado da memória,
como um sonho ruim q passou,
como um pássaro morto na estrada,
como um sorriso de desespero,
liberdade,
esperança,
amor,
ah mas que carrascos mais gentis!!!
cansei dos seus ardis...
que minha loucura,
e minha tristeza sejam meus escudos...
que eu volte a ser meu próprio salvador.
segunda-feira, setembro 25, 2006
Junta as coisas, vai lá e vê a arena vazia. Volta pra casa. Apartamento vazio, sem recepção de herói, apenas os pratos sujos que deixou antes de sair. No escuro do quarto encontrou abrigo. Amanhã seria outro dia. Sacudir a poeira, socar mais sacos e sacos de areia... aí...quem sabe mais sorte na próxima....
domingo, setembro 10, 2006
Te olho, te sigo, te vejo dormir....
Creio q já cansei de caçar palavras, nunca fui bom com poesia, nem nunca soube escrever canções. Sempre tive vontade, meu professor de violão dizia que isso fazia sucesso com as garotas. Mas eu nunca acreditei.
De tempos em tempos em tempos eu tento me conectar com a poesia. Mas sou apenas um observador. E como já disse antes... amor se vive. E eu como muitos, me contento em escrever sobre ele. Assim como fizeram pra uma tal de Cecília, eu "te sigo e te vejo dormir." A distância imagino palavras sublimes, mas mei léxico não é lá muito vasto, e tudo parece bobo, ou xulo...
Um professor de redação berrava na época do vestibular, que escrever era uma questão de exercício e leitura e que as musas da inspiração não passavam de balelas para que os artistas se setissem únicos... leitura... bem... todos os dias dou uma olhada nos livros em minha estante, às vezes eles contém o segredo do universo, mas neste exato momento, eles não dizem na de importante...
Com a poesia, sinto-me como um pirralho espiando o banheiro das garotas, ou o nerd espinnhento e quatro olhos que tropeça toda vez que passa por aquela deusa loira, não consegue nem dizer bom dia.
A vejo distante... gostaria de poder ninála, aninhar as palavras em meus braços e sei-lá... Mas apenas a observo.
A olho.
Sigo.
Velo seu sono.
E nada mais.
quarta-feira, agosto 30, 2006
copyleft...
Coisa um:
A Rede Globo de televisão divulgou ontem no Fantástico um estudo que comprova que os brasileiros finalmente passaram a tolerar o homosexualismo. Isso comprova que a guerra acabou, logo, passeatas do tipo orgulho gay apartir de agora poderão ser consideradas propaganda de preferencia sexual.
Coisa dois:
O Sistema Brasileiro de Televisão, vulgo SBT, divulgou na semana passada num programa que não lembro agora, que o Brasil é o terceiro país e consumir mais cosméticos e demais acessórios para a vaidade humana. Isso se deve ao fato de que os homens agora também passaram a freqüentar os salões de beleza.
Coisa três:
O ponto de convergência entre a coisa um e a coisa três está neste texto profético que postarei abaixo. Ele foi escrito em 2004 e publicado no site da mídia independente. Na ocasião, foi sumariamente censurado pelos voluntários que mantém aquele site democrático e foi causa de uma ameaça de processo judicial que seria empreendida pela Associação dos Homosexuais da Bahia. Preconceito? Homofobia? Porraloquiçe? Leiam e tirem suas próprias conclusões. Estou aberto ao debate na área de comentários.
A Coisa em si:
MANIFESTO HETEROSEXUAL
Estamos fartos do excesso de bichice no ambiente em que vivemos.
E não só no Rio, que sempre foi famoso por seu turismo homosexual, a questão é que a bichice está impregnada no imaginário coletivo atual. E quando falo em "bichice", falo sem preconceito. Sejamos francos e sem pudores de soarmos politicamente incorretos: isso é uma mera constatação do ¿sentimento de frescor¿ que não escolhe gêneros ou opções sexuais e que está contaminando todos.
Chamem de frescura, baitolagem, boiolice, viadagem, perobice ou afetação, este sentimento não tem necessariamente a ver com a apreciação íntima do mesmo sexo ou sequer à desmunhecagem propriamente dita. Essa aura de bichiçe é o que une playboys e patrícias na frente do espelho, para checar o visual, passar creminho e se olhar de costas. É o excesso de preocupação com roupas, com penteados, com preços de acessórios desnecessários e em falar mal das pessoas pelas costas. É o ponto de interseção entre lutadores de luta livre e publicitários, travestis e celebridades, empresários e seguranças, mauricinhos e cachorras do funk - gente que freqüenta cabeleireiro, faz as unhas, conhece marcas de roupa e acredita em "linhagem". Existe inclusive todo um segmento de mercado dirigido a explorarem as vítimas dessa aura de bichiçe. Acredite: frescura dá lucro. Não estamos aqui querendo contestar o espaço na sociedade reservado aos que tem diferentes opções sexuais. Estamos aqui querendo alertar a todos que estão estereotipando a boiolagem pra aumentar lucros.
Sempre se soube que o mercado se nutre das idéias, dos modos de viver, de todas as nossas formas de expressão, sejam elas palavras, gírias, roupas, gestos, sexualidades e a lista beira o infinito. O capital toma posse de nossos desejos, expectativas e até esperanças pra depois voltar nos vendendo as mesmas coisas, com a cara de pau de tentar nos convencer de que aquilo é o que precisamos e devemos consumir pra nos mantermos atualizados e ¿na moda¿. É justamente isso que falo: estão fazendo que com que a bichiçe seja moda, pois esse estilo de vida é extremamente consumista. É isso que temos que combater.
A moda da bichice está tão disseminada a ponto do sexo tradicional, aquele Sujo, Salgado & Amargo, com cabelos grudados na pele e violência na medida, ter ficado fora de moda. Perceba, amigo(a) da velha guarda, estamos, ironicamente, fora de moda. Mas, apesar das aparências da mídia, não somos minoria. Até então estávamos em silêncio, mas decidimos abrir o jogo e revelarmos o que pensamos.
E é isso que queremos lembrar: a função do velho sexo. Não é mais questão de reprodução por sobrevivência ou religiosa perpetuação da espécie. Estamos meramente celebrando o fato de sermos sexos diferentes - e de nos completarmos tão bem. Não existem sentimentos, filhos, culpa ou tradições que consigam ofuscar o sexo per se, ápice químico da humanidade - pelo menos até aqui.
quinta-feira, junho 29, 2006
Nesse aspecto os melhores amigos são os retratos. Imagens de quando ainda usava fraldas, nossas festinhas de aniversário, as maluquices da faculdade, retratos de um casal apaixonado, as fotos das crianças, que viraram adultos e depois sumiram. Aliás pensei que não fossem sumir, afinal fui eu q apresentei Jah a eles... mas mesmo assim...
A aposentadoria, a cama de viúvo, a sua foto na cabeceira, ah os nossos 20 anos, como era linda quando dormia, o sorriso de menina que não te abandonou naquele dia cinzento em que vc partiu pra sempre, beijei seus lábios frios antes que fechassem o caixão, ali eu deixei meu sorriso também, ao seu lado.
As crianças ainda me visitam às vezes, mas a velhice e a juventude parecem que se repelem, os jovens tem medo da morte estampada no rosto enrugado e da brancura nos cabelos...
Com a companhia Marx, Hegel, Dante, Drumond e Machado eu ainda viajo, mas todas as noites em que deito, tenho quase a certeza de não sonho mais... e isso me assusta, pq um homem sem sonhos é um homem morto, e pra quem não acredita num depois, o fato de saber que o show terminou é assustador, dá até vontade de experimentar o ópio da religião, mas ainda me contento com meus cigarros e às vezes um cogumelo mágico, quem sabe?!
Talvez seja mais uma dessas tristezas de aniversários, ou a senilidade dando seus primeiros traços, e as vezes tudo parece exagerado, como aquelas conversas repetidas, sabe?! Aquelas histórias que você conta pros netos repetidas vezes, que les já sabem de cor, quando eles eram crianças essas histórias eram mágicas... e agora...
Assim como meus discos empoeirados eu fico parado. Num trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte que não chega.
segunda-feira, junho 12, 2006
Em desespero quebrei uma garrafa em minha cabeça, agarrei-a pelos braços, rasguei seu vestido e sugava seu mamilo com vontade. Em meio a arfadas, gritava a plenos pulmões: escrevi mentiras sim!!! pq não posso escrever a realidade!!!Isso aqui é real!!! O nosso suor!!! Nossos gemidos!!! Minha lingua em sua calcinha!!!
Puxou meu rosto pra cima!!! Deu-me um beijo. Mordeu meu lábio inferior.
Isso é real!!! Nossos corpos em comunhão. Sua barriga nua, a penugem do seu sexo, o seu gosto em minha boca, esse sorriso divino, seus seios contra a luz... como poderia descrever em palavras?! O jeito q vc dorme, sorrindo... como se não houvesse mais nada, a boca que faz quando solta a fumaça do cigarro, a careta com a sobrancelha levantada toda vez que é contrariada... a maneira como revira os olhos qdo toco aqui!!!
Continue!!! É isso que está faltando!!! Grite tudo isso ao mundo...
Não!!! É minha... apenas minha!!! Não quero que imaginem o biquinho rosado de seus seios, ou sua voz suave pedindo mais... Nunca!!!
quarta-feira, maio 31, 2006
A mulher mais bonita da cidade -
Ok, ok, podem perguntar o quê um imbecil como eu pode entender de beleza, é... pode parecer estranho, afinal... esse não é o meu departamento. Além de covarde e fanfarrão, talvez eu seja incapaz mesmo de observar, observar talvez sim, afinal, gente baixa como eu são voyeres de primeira linha, mas creio que isso se encaixe muito mais do direito de fazer isso.
Tem gente que diz que não sou esse canalha que penso ser, que na verdade sou apenas um desses idealistas cuja fómula aparentemente o Kaos esqueceu e por não me adaptar a esses dias estranhos, a preguiça e a indiferença com a vida tomaram conta do meu ser, por isso eu esqueço das pequenas nuances fantásticas que essa coisa única, descartável, triste, feliz e completa chamada vida tem a nos oferecer... Quem sabe seja só isso. E um dia eu acorde.
Pq a mulher mais bonita da cidade?! Já garanto q as linhas perfeitas e desenhadas para o pecado não têm nada a ver com isso... talvez tivessem tido... mas apenas no começo. Eu falo do sorriso, do olhar meigo e da vontade que eu sinto de protegê-la enquanto dorme, ou mesmo do fato de que qdo ela aparece, meu mundo pára.
Sabe ser forte, é decidida, determinada, culta e doce, por trás da mulher ela ainda preserva um pouco da menina, que sorri com os olhos, olhos q dissipam a névoa e colore o filme noir que eu imagino a minha vida.
Acho até estranho escrever sobre o amor dessa maneira, logo eu q creio q isso não se escreve, isso vive!! Mas eu não passo de um cagão bêbado, fumante inveterado, eu não sei que coisa bizarra é essa!!!
Só sei que de uns tempos pra cá, a presença q dá um pouco de brilho ao meu cotidiano de fracassos deu uma apagada... e pra variar eu não sei o q fazer...
Fico aqui... sozinho... no quarto... copiando muitos clichês daquilo q li e ouvi em canções... Cheguei quase ao cúmulo de afirmar que qdo deus a desenhou ele tava namorando?! Pode uma coisas dessas?
Mas pelo jeito... eu continuarei na taberna ou no porão fétido, imundo e cheio de goteiras q é o meu quarto enquanto uma das coisas mais belas que eu já pude observar, seca até q essa flor morra...
NA vitrola
Melancholy (Holy Martyr)
[Iced Earth]
Make the sadness go away
Come back another day
For years I've tried to teach
But their eyes are empty
Empty too I have become
For them I must die
A sad and troubled race
An ungrateful troubled place
[chorus]
I see the sadness in their eyes
Melancholy in their cries
Devoid of all the passion
The human spirit cannot die
Look at the pain around me
This is what I cry for
Look at the pain around me
This is what I'll die for
Make the sadness go away
Come back another day
The things I've said and done
Don't matter to anyone
But still, you push me to see
Something, I can never be
Why am I their shattered king?
I don't mean anything
I see the sadness in their eyes
Melancholy in their cries
Devoid of all the passion
The human spirit cannot die
Look at the pain around me
This is what I cry for
Look at the pain around me
This is what I'll die for
Day Tripper - Type O negative
[Originally performed by The Beatles]
Day tripper - day tripper - day tripper
Got a good reason - for taking the easy way out
got a good reason - for taking the easy way out now
she was a day tripper - one way ticket yeah
it took me so long - to find out - and i found out
She's a big teaser - she took me half the way there
she's a big teaser - she took me half the way there now
she was a day tripper - one way ticket yeah
it took me so long - to find out - and i found out
If i needed someone to love - your the one that id be thinking
of
if i needed someone
if i had some more time to spend - then i guess i'd be with you my
friend
if i needed someone
got your number on my wall - and maybe you will get a call from
me
if i need someone
Day tripper - day tripper - day tripper
I tried to please her - she only played one night stands
i tried to please her - but she only played one night stands now
she was a day tripper - sunday driver yeah
it took me so long - to find out and i found out
She's so
heavy heavy heavy
she's so
heavy heavy heavy heavy
she's so
heavy
heavy heavy heavy
she's so
heavy - heavy - heavy - heavy
terça-feira, abril 25, 2006
é preciso ter caos dentro de vós
para dar origem a uma
estrela cintilante.
Vos digo:
Ainda há caos entre vósZARATUSTRA
Saiu pelas ruas desnorteado, não sabia quando nem porque saiu, também não fazia idéia pra onde ia, eu que observava de fora, sinceramente afirmo: nem se importava.
Nas ruas gente apressada!!! O dever chamava, dias iguais, caminhos iguais, rotinas idênticas, pensamentos formatados. Aluguel pra vencer, telefone pra pagar, limite do cartão de crédito, a natação das ciranças, o leite, o pão, o celular e a sandália da sandy...
Fachadas caindo aos pedaços, luminosos que feriam as vistas, uma prostituta de biquini na porta do hotel, um moleque de 10 anos cheirando cola... pediu um tapa, ficou mais desnorteado ainda... cores, sorrisos insanos, crianças dançando nuas na calçada, enquanto um centauro cochilava no quiosque de água de côco do curupira.
A caipora cantava uma canção sem sentido, enquanto um saci e um leprechaum brigavam pra ver quem andaria primeiro de patinete...
Do alto de um prédio o Batman vigiava tudo com um sorriso amarelo, meio sem graça...
Nosso andarilho sentou num banco da praça... em frente a igreja rolava uma orgia, deu um tapa num cigarro, pensou em entrar na festa, lembrou de alguma coisa e saiu correndo...
Chegando no cais do porto encontrou um velho que berrava coisas a plenos pulmões... falava sobre a plenitude da vida, o fascinio do vazio, e pq o escuro dá tanto medo que as vezes congela, fechou os olhos, quando viu estava fitando o mundo de uma janela, num desses quartos de hotel... mas dos mais fuleiros, daqueles que fariam sua mãe vomitar de tanto nojo e desgosto por ver o filhinho querido naquela situação... nacama uma guria que ele nem lembrava o nome. Deixou uns trocados. Fechou a porta, pagou a conta.
Um salgado gorduroso, um café e um cigarro pra acompanhar, sabe digerir...
Passou em casa, botou o terno, ligou o carro, pegou a via expressa, passou alguns faróis vermelhos, o mesmo caminho, a mesma reta, contas, prestações, orçamentos, preço do dólar, bolsa de valores, máscaras, espetáculos, tudo a mesma droga...
Hoje, talvez nunca mais ele irá caminhar nas núvens...
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
sede
E lá estava eu, com uma garrafa de cerveja na mão, um sorriso forçado a curtir a festa da minha maneira, fumando meu cigarro, bebendo, olhando. Corpos se moviam no ritmo da música, outros se tocavam embalados pela paixão etílica enquanto alguns gritavam umas coisas sem sentido. No meio dessa gente tào perdida quanto eu um ponto de luz emerge. Ah o doce cheiro da inocência, sorriso de menina, gestos controlados e olhos brilhantes, o velho calhorda ao ver tudo isso sentiu sede, e não era bem a cerva q a saciaria. Eu queria sua saliva, seu suor, sentia uma inveja profunda daquela maldita brisa suave que beijava seus cabelos. Queria consumir toda aquela pureza e se o resultado disso fosse a quebra do encanto, eu pouquíssimo mw importava. Uma hora a festa acaba, o anjo vai embora desse culto ao vinho, continuei no meu canto, saboreando o último cigarro do maço, e o fundnho na garrafa de cerveja... ainda estva com sede. Voltei pra casa, fui pra cama, durmi e não sonhei... eu não sonho mais.