segunda-feira, maio 23, 2005

Fitando o Vazio ou Apenas Observando o Teto

Ele olhava fixamente para o teto de seu quarto quando começou a sentir-se enclausurado. Levantou, na cozinha apenas pratos sujos e panelas vazias. Reflexos de uma ausência. Há quanto tempo não cozinhava? Dias? Meses? Uma vida? Porquê andonara sua fortaleza de solidão? Não possuia tais respostas.
Sentou frente a prancheta, a folha em branco o enchia de terror. Assim como alguns pensadores durante a Idade das Trevas negavam veementemente a existência do vazio, ele fugia daquela brancura infinita e aterrorizante. Acendeu um cigarro, "nessas horas um cinzeiro e um scoth são as melhores companhias.
Cinziero transbordando, na garrafa pouco mais que umas gotas de uísque 12 anos. Desviou o olhar do vasilhame, num canto do quarto um kimono amarrotado, castigado pela falta de uso... Lembrou -se do conceito marcial do vazio, o lutador deveria transcender a raiva, e o momento, concentrar-se no vazio, deixar de lado o medo e as paixões, fitar o nada, mergulhar no vazio!!!!
Confusão, vontade de sair, gritar, correu até a cobertura do edifício, encarou o céu noturno, pensou no brilho daqueles olhos, preso na fotografia que queimara na noite anterior. Atirou-se num salto ilógico, deixou-se envolver por aquele vácuo reconfortante, na velocidade da queda, sentiu um raro momento de liberdade.
Satre disse que o ser humano estava condenado a ser livre, nosso amigo provavelmente estava condenado a ser só. No escuro encarou a folha em branco, se alguém tivesse prestado atenção poderia ter ouvido um ruído tênue,a queda de uma lágrima talvez. O papel não estava mais vazio, carregava toda a carga de sentimento daquela noite de delírio.
Deitou-se... olhar fixo no teto familiar... adormeceu... e teve sonhos intranquilos

domingo, maio 15, 2005

em breve aqui na sua lua florestal favorita

"Saiba, ó Príncipe, que entre os anos quando os oceanos tragaram a Atlântida e as reluzentes cidades, e os anos quando se levantaram os Filhos de Aryas, houve uma era inimaginável, repleta de reinos esplendorosos que se espalharam pelo mundo como miríades de estrelas sob o firmamento. Nemédia; Ophir; Brithúnia; Hiperbórea; Zamora, com suas lindas mulheres de negras cabeleiras e torres de mistérios e aranhas; Zíngara, com sua cavalaria; Koth, que fazia fronteira com as terras pastoris de Shem; Stygia, com suas tumbas protegidas pelas sombras; Hirkânia, cujos cavaleiros ostentavam aço, seda e ouro. Não obstante, o mais orgulhoso de todos era Aquilônia, que dominava supremo no delirante oeste. Para lá se dirigiu Conan, o cimério, de cabelos negros, olhos ferozes, espada na mão, um ladrão, um saqueador, um matador, com gigantescas crises de melancolia e não menores fases de alegria, que humilhou sob seus pés os frágeis tronos da terra." Crônicas da Nemédia

sábado, maio 14, 2005