quinta-feira, dezembro 07, 2006

vi sátiros dançando com suas luzes coloridas, anoitecia no bosque em uma tarde cinzenta. as ninfas dançavam com suas liras e um centauro arqueiro lançava flechas de fogos coloridos. a bruma cobria a magia do lugar, a fumaça dançava. risos. músicas. em um apartamento, lábios se tocavam, a inocência do mamilo sob a luz da rua q invadia o quarto escuro. risos. música.
a fumaça do cigarro seguia a luz pálida da lâmpada, e gotas de água rodeavam o copo de cerveja. vozes felizes. delírios etílicos. risos. música. o riacho entoava belas poesias, e olhos irriquietos me convidavam para um mergulho. risos. músicas.
a saia rodava, branca, tingida pelo vermelho da fogueira. palmas, vinho e canções. risos. músicas.
a bicicleta corta o ar da noite, a fumaça dos carros, businas, faróis altos. em minha mente. risos. música. amigos q partem, sonhos novos na próxima esquina. um gaitista. blues. vozes. risos. música. vida.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

its all over now, baby blue...

A chuva cai indiferente, céu cinzento, sol encoberto. As gotas d'água castigam meus olhos, enquanto as rodas da bicicleta levantam jatos no asfalto que molham a minha bermuda. A brisa fria tenta clarear minha visão, mas uma nuvem chata não quer ir embora.
Sinto falta das tardes ensolaradas, e não faz nem uma hora que elas se encerraram. Penso que o céu reflete meu estado, numa tentativa de levar poesia ao trivial, pra mim que transito entre as coisas, e mudo a toda a hora, a transitoriedade das coisas deveria ser normal, mas ir embora... é sempre uma droga.
Um soldado sempre sonha com um lar pra voltar, cartas de amor, beijos de namorada e uma festa para quando voltar, este já havia se acostumado a não ter isso, fazia da sua cruzada uma busca cega e solitária. Achava que a solidão me caia bem, um ar de um jovem torturado, fonte de inspiração para as minhas mimesis, do que seria a vida...
Bem... a estrada é para mim, o jogo é a minha própria calhordice, coragem e preguiça se degladeiam, e os resultados... imprevisíveis...
Passo por uma praça, vejo gente se amando na chuva, penso no que poderia ser, nos campos, uma tenda, um copo de vinho, meus dez mil anos de estrada, e em versos cantados há muito tempo por um sábio heremita...
No momento em que parti, senti uma vontade imensa de voltar, a cada pedalada, a cada gota de chuva...
Meus soldados abandonaram as armas, os caídos não levantam do caldeirão, e não escuto mais a minha gargalhada na floresta. Desenho algumas maluquices em meu lençol desbotado e risco outro fósforo. Pq não tem mais nada, negro amor...


its all over now, baby blue...
Bob Dylan


You must leave now take what you need you think will last
But whatever you wish to keep you better grab it fast

Yonder stands your orphan with his gun

Crying like a fire in the sun.

Look out the Saints are comin'through

And it's all over now, Baby Blue.

The highway is for gamblers, better use your sense

Take what you have gathered from coincidence

The empty handed painter from your streets

Is drawing crazy patterns on your sheets

This sky too, is falling under you

And it's all over now, Baby Blue

All your seasick sailors, they are rowing home
All your reindeer armies, are all going home

The lover who just walked out your door

Has taken all his blankets from the floor

The carpet too, is moving under you

And it's all over now, Baby Blue.

Leave your stepping stone behind, something calls for you
Forget the dead you've left, they will not follow you

The vagabond who's rapping at your door

Is standing in the clothes that you once wore

Strike another match, go start a new

And it's all over now, Baby Blue.