segunda-feira, abril 25, 2005

Sobre gente que não come bacon, meu ódio pelo miguxês e outras neuroses, ou Como manter um nível saudável de insanidade em uma fila...

Título pomposo é verdade, mas trata-se da saga do meu feriado em minha cidade natal, e dessa vez quero deixar de lado as crises existenciais, as grandes paixões pára me dedicar ao prazer puro e simples de reclamar.
Sábado à tarde em Sampa, após levar cano de meus grandes amigos tomo uma decisão; "Vou sozinho no teatro do SESI!!!"- acredito que ando muito acostumado a minha pacata vida no Centro-Oeste Paulista, já que parti para um passeio vespertino em São Paulo sem uma blusa de frio, um guardachuva, um walkman ou mesmo um livro.
A viagem de ônibus foi tranquila, sem grandes acontecimentos dignos de nota, quando me aproximo da Av Paulista come ça um toró... como sou estúpido!!! não levei guarda chuva... Tento correr, mas meus pulmões não estão mais tão adaptados à poluição, mas mesmo assim resisto, chego no teatro não muito molhado.
Decido passar um tempinho na gibiteca, no entanto, percebi q a fila começou a se formar... e bem... era hora de encarar meus demônios.
Quando não se é uma pessoa muito sociável, filas imensas tendem a ser um martírio, a menos quando sua cabeça é uma usina criadora de besteiras, basta deixar os sentidos no stand-by e viajar na maionese... o problema é que infelizmente me vi tragado do meu próprio mundo da lua por coisas que costumam despertar minha raiva e o meu espírito agressivo.
Logo a minha frente na fila dois jovens fazendo cursinho pré-vestibular se perdiam em suas amenidades, transcreverei a parte do diálogo que me tirou do transe:

- Ai Didi...será q o meu pakeruxo vem?! perguntou a moça...
- Sei-lá...respondeu secamente o rapaz...

Minha sombrancelha começou a latejar, meus pêlos eriçaram e tive uma vontade enorme de sucumbir ao ódio, não basta esse maldito dialeto tomar conta da internet, agora ele vem me atormentar na fila para o teatro!? Não pode!!! Assim não tá certo!!! Foi quando comecei a perceber de fato o ambiente a minha volta. Gente pseudo-descolada, óculos de armação grossa, uma cara fazendo crochê... um gótico com a cara pálida lendo um livro, umas patricinhas falndo sobre suas bolsas... tive vontade de gritar!!!
Respirei fundo... tentei voltar ao meu nível normal de sandices... fiquei pensando em várias coisas, na minha vida e sobre como podem existir pessoas que não comem bacon. Lembrei de uma loja na Galeria do rock... uma loja Veagan cujo slogam alegava que ali se vendiam acessórios sem crueldade.
Foi quando parei pra pensar: Existe produção industrial sem crueldade? - vamos aos argumentos:
Pra eles crueldade é matar animais, mas e a mão-de-obra infantil explorada nas lavouras de algodão? Ou mesmo os adultos bóias-frias? EE o trabalho que é expropriado em todas as etapas da produção? Se isso não for crueldade não sei o quê é... mas tem gente que prefere ficar por aí gritando "Dê uma chance a paz salve as baleias!!!" fazer o quê?!
Mas o quê mais me irrita é dizer que comer carne é um ato bárbaro!! Somos animais onívoros, fazemos parte da cadeia alimentar... faz parte do nosso instinto... agressividade é um dos pontos que moldam nosso instinto de sobrevivência ela deve ser controlada e direcionada... pra atividades construtivas, afinal... agressividade superficial não aproveitada é violência!!!
E com esses pensamentos caóticos que passei três horas em uma fila pra ver um espetáculo que valeu à pena.... mas foi por pouco que meus indices de insanidade não passaram do limite do saudável...

1 comentário:

A. Diniz disse...

Deveras... A mediocridade humana é o novo poder paralelo. Esqueçam o narcotráfico. Mas pelo menos vc passou uma temporada melhor em São Paulo que Magrones (fora os momentos de Liberdade).